[Crítica] ‘No Limite do Amanhã’ é um filme pensante disfarçado de blockbuster

Posted on
Atualizado em

Categoria: Artigos

Compartilhe:

Tom Cruise, é um astro dos filmes de ação – gênero que o consagrou – e geralmente, este tipo de longa, é classificado como blockbusters, – ou não – que nada mais são, do que películas com o simples objetivo de faturar alto nas bilheterias mundias, mas No Limite do Amanhã, surpreende, justamente por conseguir equilibrar seus elementos.

CAST_PADRÃO

Tom Cruise pegou gosto por fazer filmes de ficção científica, e se pararmos para analisar a filmografia da atriz Emily Blunt, podemos dizer que ela tem uma certa predileção por filmes com viagens no tempo, vide Agentes do DestinoLooper: Assassinos do Futuro, podemos dizer que a talvez certa familiarização que a dupla de protagonistas possua com o gênero tenha ajudado no desenvolvimento e no estabelecimento das personagens.

A trama se passa no futuro e narra a história do último dia de batalha que a humanidade travará com uma raça alienígena invasora chamada como Mimics, porém, falar isso, é ser extremamente superficial quanto ao que o filme realmente aborda, já que ele é baseado no romance japonês de Hiroshi Sakurazaka, – All You Need is Kill – e a principal mudança em relação ao material original é dos exoesqueletos, que os humanos criaram para conseguir aumentar suas habilidades de combate, e conseguirem fazer fronte ao inimigo que a cada dia conseguia dominar mais espaço e dizimar mais soldados.

Não se engane, a história contada não é a do Major Bill Cage, e que as explosões, exoesqueletos, aliens e viagens temporais, é tudo o que importa, já que o longa, simula os tão conhecidos checkpoints vistos nos games, fazendo uma crítica direta a guerra, que é apenas uma contagem de cabeças, por este motivo, a frase Viva, Morra, Repita.” vista em praticamente quase todas as imagens promocionais do longa fazem extremo sentido, quando são citadas referências a acontecimentos da Primeira Grande Guerra e da Segunda Guerra Mundial, assim como ao fatídico “Dia D” – que é no qual a personagem principal da película se encontra presa – e também a famosa e sangrenta invasão a Normandia, e isso torna o roteiro escrito por Christopher McQuarrieJez Butterworth John-Henry Butterworth extremamente inteligente e eficaz em suas críticas, que atacam diretamente a ferida, da propaganda da guerra e também de que todos os combates são iguais, não importa qual seja o inimigo ou em qual tempo está sendo travado a batalha.

A atuação da dupla de protagonistas é praticamente impecável, e os dois conseguem até mesmo desenvolver algo que pode ser chamado de um bromance, mas é evidente que os dois personagens estão interessados um no outro, e isso, faz o filme render-se um pouco ao que um blockbuster faria, que é criar uma situação intensa, mas o que na realidade importa, é a cena na qual o casal protagonista troca o primeiro beijo.

ÁPICE

O crescimento se inicia quando Bill Cage (Tom Cruise) começa ter seu dia reiniciado várias e várias vezes, pois é ai que o filme engrena a sua maior e mais severa crítica e questão pensante, que um blockbuster pode infligir ao espectador: o soldado que vai para a frente de batalha, vai para morrer. Pois apesar de Rita Vrataksy (Emily Blunt) ser uma excelente soldado, não importa, ela morre praticamente todas as vezes, nas quais Cage reinicia o dia, pois na frente de combate, não importa quem você é, de onde você veio, se você sabe lutar ou não, se sua armadura, rifle ou exoesqueleto é melhor, se seu treinamento foi mais severo, se você é corajoso, você está lá para morrer, e na vida real, você não tem um checkpoint para onde voltar, e quem sabe decorar a ação inimiga para assim conseguir vencê-lo de alguma forma, pois a guerra, seja nos vídeo-games, cinema ou na vida real, é apenas uma contagem de corpos, e é levantando essas questões que No Limite do Amanhã cresce.

Contando com um roteiro bem amarrado e uma direção inteligente executada por Doug Liman (Identidade Bourne) o longa se equilibra entre o blockbuster e o filme com conteúdo relevante para análise, já que consegue entreter com facilidade o espectador que vai assistir ao filme apenas em busca do espetáculo, e surpreende, o público especializado, que esperava somente mais um filme de ação com elementos de ficção científica, mas o que recebe é na realidade um longa pensante, – que se mostra esperto em se disfarçar de “apenas mais um do gênero” para atrair a massa às salas de cinema – que faz uma ótima crítica a um assunto que todos os governos querem manter enterrada, a questão da contagem de “cabeças” que é feita durante um período de guerra, pois governantes, tratam seus homens e mulheres como se fossem gado, prontos para serem mandados ao abatedouro.

Porém, no Limite do Amanhã não é perfeito, já que se entrega na parte final, e arruma qualquer subterfúgio para conseguir construir um final feliz para as duas personagens, pois é isto o que a massa quer ver, o que é ruim, já que o “fim” que estava acontecendo era extremamente bom, e não pecava em se arriscar totalmente, e inovar, mas isso é Hollywood.

COMENTÁRIOS

Loading Facebook Comments ...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.