Análise – ‘Mario + Rabbids Kingdom Battle’ a ideia maluca que deu certo

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Categoria: Games, Nintendo Switch, Review

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Se tivesse que explicar Mario + Rabbids Kingdom Battle diria que é o caso de uma ideia tão maluca que poderia até dar certo. E, de fato, o game desenvolvido pelos times da Ubisoft de Paris (França) e Milão (Itália) é uma das maiores surpresas de 2017 para uma plataforma da Nintendo. Há tempos não me divertia tanto a ponto de perder a hora em um compromisso por não conseguir largar a diversão.

Do começo: Mario + Rabbids é um crossover entre os personagens da Nintendo e os Raving Rabbids da Ubisoft. A proposta do jogo é de niveis com batalhas por turnos em um tabuleiro tático. A proposta do gênero surpreendeu até mesmo o lendário criador do Mario, Shigeru Miyamoto, que deu seu aval para o desenvolvimento do jogo ainda em 2014.

Já havia visto alguns trailers do que seria o jogo, mas foi na E3 desse ano que o game finalmente capturou minha atenção (e, provavelmente, de vários outros fãs da Nintendo). Pode assistir ao vídeo todo, mas destaco o trecho a partir de 1min18s.

É difícil não se sentir um pouco na pele do diretor do game, Davide Soliani nesse momento. Afinal, que desenvolvendor de jogos seguraria as lágrimas ao ver o lendário Miyamoto no palco apresentando um “jogo do Mario” feito pela Ubisoft? Impossível ser fã dessa indústria e não se sentir tocado pelo momento.

O jogo

Para não estragar a surpresa de quem pretende comprar o game, basta dizer que os coelhos malucos da Ubisoft invadem o Reino dos Cogumelos depois que uma invenção que não deu muito certo. Um deles está misturando elementos diferentes e espalhando o caos na terra do Mario. Agora, os Rabbids têm que ajudar a limpar a bagunça que eles fizeram, enquanto você progride pelos diversos níveis.

O estilo de jogo combina partidas em esquema de turnos com alguns rápidos quebra-cabeças enquanto você coleta moedas (afinal, ainda estamos em um jogo do Mario) e realiza suas tarefas pelos diferentes mundos. Quando as batalhas do primeiro mundo vão ficando para trás, o jogo começa a se tornar realmente desafiador.

Você não imagina o trabalho que dá escoltar um coelho congelado, carregado por um cogumelo falante de um lugar até outro – passando pelo deserto. O game é desenvolvido usando a engine Snowdrop, que é de propriedade da Ubisoft e faz um ótimo trabalho ao reproduzir texturas e design dos personagens mais famosos da Nintendo. Claro, dá para notar que a companhia japonesa está “um nível acima” de polimento nos seus jogos.

Em alguns momentos notei alguma engasgada de leve quando jogava com o Switch fora do dock, nada que prejudique a jogabilidade. Aliás, se o game fica mais bonito ao rodar com 1080p na TV, é no modo portátil que Mario + Rabidds brilha mais forte. O gameplay de RPG por turnos aliado à portabilidade do Switch, faz os belos e coloridos cenários ficarem ainda mais divertidos. Mario + Rabbids entra para a lista de jogos que fazem com que você perca a noção do tempo no Switch.

Em alguns momentos, a união entre portabilidade e gameplay me lembrou das partidas desafiantes de um dos meus RPGs favoritos: Fire Emblem. A franquia existe desde o NES (não, não é uma cópia de Final Fantasy Tactics, que veio só em 1997), mas estava em baixa e só “ressurgiu” após o sucesso de Awakening para o 3DS. Alguns amigos também notaram que também há uma semelhança do estilo de jogo com a franquia XCOM.

Estratégias, armas e habilidades

O game conta com um sistema de armas que progride conforme você alcança os objetivos em batalha. Manter todos os seus personagens vivos até o final, por exemplo, te garante mais pontos. Chegar até determinado local no mapa ou derrotar a quantidade exigida de inimigos dentro de X turnos, também rende mais moedas. No fim das contas, esse sistema de customização permite que você tenha várias abordagens e estratégias ao longo das fases.

Um exemplo: há armas que disparam mel, o que impede a movimentação do inimigo. Outra opção faz com que o corpo dos pobres coelhos pegue fogo, fazendo com que eles saiam correndo pelo mapa e possam atingir seus companheiros e alastrar o fogo. Com diferentes personagens (Mario, Luigi, Peach, Yoshi e suas versões Rabbid) e armas você terá uma formas diferentes de completar cada missão.

Se não conseguir um “Perfect” de cara, sempre é possível voltar para aquele trecho e refazer seus passos. Depois de terminar um mundo, por vezes, me peguei fazendo esse retorno para deixar tudo “bonitinho”. Há ainda uma árvore de habilidades que amplia as opções de ações que você pode realizar em cada turno.

Um ponto negativo do game, ao menos no código de testes enviada pela Ubisoft para o Internerdz: não há versão em português do jogo. Isso pode dificultar o acesso para alguns dos jogadores brasileiros e vai contra a política da Ubisoft, que costuma localizar seus títulos no Brasil. No entanto, vale lembrar que o Switch nem foi lançado oficialmente por essas bandas, não é mesmo?

Há ainda uma nota que precisa ser feita sobre a trilha sonora do game: ela foi composta pelo britânico Grant Kirkhope, que tem diversos trabalhos icônicos no currículo, como GoldenEye 007 (Nintendo 64), Donkey Kong Land 2 (Game Boy), dentre vários outros. Se não é brilhante, o trabalho de Kirkhope em Mario + Rabbids faz o suficiente para manter o clima da aventura em seus diferentes cenários.

É tudo estranho, mas divertido

Fato é que o time de desenvolvedores liderado por Davide Soliani reuniu várias referências interessantes e entrega um produto digno de ter o nome Mario na capa. Mais do que isso, deve aumentar a atenção dos fãs do encanador que come cogumelos para seus coelhos doidões. Eu sou um deles. Senti como se os Rabbids fossem aqueles primos estranhos, que sempre rendem boas risadas, mas que você só convida no Natal.

Mario + Rabidds Kingdom Battle é um game divertido, encantador e desafiador ao mesmo tempo. Para quem gosta dos personagens e do gameplay por turnos, é uma compra praticamente obrigatória. Pela primeira vez, a companhia japonesa permitiu que uma desenvolvedora terceira fizesse um game utilizando sua principal franquia e deu muito certo. De maneira respeitosa, mas sem perder as piadas, o jogo traz um olhar fresco para uma franquia que já tem jogos de luta, corrida e até mesmo RPGs.

A Ubisoft está de parabéns por sua contribuição incrível para a biblioteca do Nintendo Switch, que já torna um console que você não pode mais ignorar.

Nota: 8.0

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