Análise: Anthem é a prova cabal de que “jogos como serviço” não funcionam?

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Categoria: PC, PS4, Review, XBOX ONE

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 Com um lançamento turbulento e uma série de controvérsias – Anthem vale seu tempo?

Em produção há 7 anos e pelas palavras do vice-presidente da EA, Patrick Söderlund, um título que será “o começo de uma jornada de 10 anos” reafirmando seu comprometido pós-lançamento, eis que a grande hora chegou.

Apresentação

Visualmente, Anthem faz bonito: com um mapa predominantemente florestal, Bastion carrega um ar místico e uma ambientação permitindo verticalidades com cascatas imensas, montanhas e um ar de civilização perdida que aqui se traduz em criptas a serem exploradas.

Densidades diferentes de faunas e floras e até a possibilidade de se explorar locais debaixo d’água. A sensação de descoberta por si só é prazerosa, e aliada à mecânica de voo, o primeiro passeio por este mundo é de encher os olhos.

Embora graficamente tenhamos sim um notável dowgrade comparado à versão apresentada na E3 de 2018, isso não desclassifica o game neste aspecto. Utilizando a Frostbite Engine, as texturas aqui são de alta qualidade. Javelins repletos de detalhes, monstros que transmitem visualmente sua imponência e efeitos visuais seja ao executar algum especial ou ultimate, de cair o queixo.

Como nada é perfeito, ainda (patch 1.04) sofremos por problemas de renderização e bugs que podem deixar as coisas… mais estranhas. Em outras palavras:

História

Entrando em um de seus pontos problemáticos, Anthem tem uma narrativa central fundamentalmente confusa. Não confundamos as coisas: existe sim um pano de fundo interessante que nos remete a deuses, ferramentas místicas poderosas, e a razão pelo qual os humanos precisaram criar os Javelins – exoesqueletos utilizados para a sobrevivência neste mundo.

No entanto... existe um sentimento recorrente de que a história mais interessante está sendo contada através de files, arquivos aqui intitulados de “codex”. Estes, apresentados em momentos ruins e que dificilmente lhe farão abrir o menu para procurá-los novamente.

“Codex… é pra lê ou pra jogá?”

Imagine a cena: você está rodeado de inimigos enquanto seus aliados começam a cair um a um. Em meio ao caos, um Titã aparece. Notando-o de perto, você consegue localizar um codex próximo ao inimigo. Infelizmente, tal situação acontece recorrentemente, e as ações geralmente são de pegá-lo e logo em seguida, esquece-lo.

Acima de tudo, onde mais nos incomodamos certamente está em uma dos maiores atributos da desenvolvedora responsável pelo título. Estamos falando do controle do jogador sobre a história e seus acontecimentos. É comprometedor. Ainda mais se estamos falando do mesmo estúdio que nos trouxe a franquia Mass Effect e Dragon Age.

O que aconteceu? Escolhas por vezes enfadonhas e diálogos desinteressantes preenchem personagens que deviam nos encher de curiosidade. Mas ao invés disso, o que recebemos são situações assim:

A narrativa principal de Anthem é sobre reputação, desastres, superação, e como derrotar um vilão ‘malvadão’ pode ser entediante.

Sim, temos algumas reviravoltas que me pegaram “despercebido”, mas talvez não tenha sido o bastante – assim sendo, quem sabe seja até melhor conservar o sentimento que tive ao assistir o trailer criado por Neill Blomkamp para o game:

Jogabilidade

Finalmente voltamos a um dos pontos o qual precisamos ser diretos: jogar Anthem é o que nos move. Pareceu confuso? Pois vamos entender melhor: toda magia por trás de controlar seu Javelin (aqui tratados como “Lanças”), é fantástica.

  • Controle o Ranger e tenha uma sensação a-la Homem de Ferro com direito a lança mísseis, canhões de próton, versatilidade e uma mobilidade mediana.
  • Vá de Storm e se sinta literalmente um mago conjurando poderes elementais e tendo uma mobilidade mais fluida condizente com a proposta da Lança – estamos tratando aqui de muito poder que vem embalado com muitas fragilidades, também.
  • Incorpore o Interceptor, e tenha em mãos o arquétipo do assassino ao seu lado. Ataques corpo-a-corpo, movimentos extremamente ágeis e um risco recompensa de curta distância extremamente prazeroso.
  • Ou dane-se tudo: se você é daqueles que incorporam o tanque de guerra nas partidas e querem liderar a ação – pois bem: o Colossus é sem dúvidas o mais apto para a tarefa. Pesado, você andará por aí abrindo caminho para o que der e vier.

Em suma

Todas as lanças tem particularidades e pontos que as diferenciam seja em suas habilidades, mecânicas ou gameplay. Você jamais sentirá a sensação de estar controlando o mesmo personagem com uma diferente roupagem; no voo o sentimento é mais nítido já que todas as Javelins têm pesos e velocidades diferentes no ar – e isso no final das contas é o que move para frente as coisas.

Divertido, rápido, responsivo e encantador são os atributos que temos exclusivamente no que tange sua jogabilidade. O alicerce está aqui!

No entanto, nem só de Lanças o jogo é feito, e certas decisões no design podem irritar. Por exemplo: Conseguiu um equipamento novo em uma missão? Aquela arma poderosa que você tento queria? Sinto-lhe informar, mas para equipá-la você precisará voltar ao HUB principal, ir até um lugar especifico intitulado “A Forja” (insira uma tela de carregamento aqui). Após isso, escolher os componentes os quais você gostaria de equipar, e somente após tudo isso… equipá-los (insira uma tela de carregamento aqui).

Em outras palavras: a estrutura por trás de como tudo funciona aqui é estranha, e por vezes anticlímax. Similarmente, ao completar uma missão, seja a mais simples possível, você será transferido (insira outra de carregamento aqui) a um hall onde poderá ver a quantidade de experiência obtida e de seus aliados. Depois disso, será transportado (insira outra tela de carregamento aqui) para o Forte Tarsis, o HUB principal. Não há como criar sua própria sequencia de missões e fazê-las uma atrás da outra. Mais uma vez: por quê?

  • Pontos altos até aqui: jogabilidade incrível, visuais de peso.
  • Pontos baixos até aqui: vilão fraco, história rasa, equipamentos, carregamentos intermináveis, IA dos inimigos que deixa a desejar, Bugs.

Momentos marcantes

Opinião: durante minha jornada por Anthem, especificamente minha primeira experiência com o Forte “Mina da Tirana”, jogando de Storm tive um momento extremamente prazeroso, ao manter uma sintonia com meus parceiros ao realizar combos utilizando ataques congelantes. Além do mais, o sentimento ao destruir hordas de inimigos de uma só vez utilizando as ultimates é demais! No entanto, o mesmo não pode ser dito dos objetivos… coletar ecos (orbes flutuantes), manter uma posição com seus parceiros enquanto uma barra é preenchida? Não comprei.

Veredito

Por fim: Anthem é inacabado. Podemos afirmar que embora o game traga sim uma base sólida e sobretudo, divertida… peca em conteúdo. Pior: nos mostra o quão nocivo práticas que levam o remetente “games as a service” podem ser para o ecossistema. No fim, esperamos, e torcemos para o que futuro de Anthem seja brilhante! Contudo, está longe daquilo que gostaríamos de experienciar.


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