Nos últimos anos, o mercado gamer brasileiro passou por uma verdadeira explosão de consumo. Gabinetes com RGB, periféricos com design agressivo e cadeiras “inspiradas” em modelos de corrida se tornaram objeto de desejo. Mas, por trás de toda essa estética, surge uma pergunta incômoda: será que estamos vivendo o fenômeno “SHEIN dos games”?
Ao pesquisar os gabinetes mais vendidos no Brasil, tomando como base o ranking da Amazon, o resultado é revelador: entre os 30 primeiros colocados, praticamente todos são produtos white label chineses, ou seja, fabricados por empresas que vendem o mesmo design para diversas marcas, que apenas aplicam seu logotipo e ajustam o preço final.
Enquanto isso, empresas renomadas no segmento, aquelas que realmente projetam e desenvolvem seus produtos, aparecem pouco. Não é difícil entender o motivo: seus gabinetes e periféricos, que chegam a custar mais de R$ 1.000, ficam fora da realidade da maior parte dos consumidores brasileiros.
O público, por sua vez, prioriza a estética em vez da funcionalidade. O que mais chama atenção é o brilho do RGB, o vidro temperado e a aparência “premium” nas fotos, e não necessariamente o fluxo de ar, o gerenciamento de cabos ou a eficiência térmica. O resultado é que acabamos reféns de marcas que entregam beleza a baixo custo, mas sem inovações reais, exatamente o mesmo movimento visto na moda com a popularização da SHEIN.
No fim das contas, o mercado nacional se molda ao bolso do consumidor: compramos o que é viável, não o que é tecnicamente superior. E as grandes fabricantes, que poderiam investir em produtos mais acessíveis e adaptados à nossa realidade, continuam olhando apenas para o público de alto ticket.
Enquanto isso, a “SHEIN gamer” cresce em silêncio, colorida, iluminada e cada vez mais dominante nas mesas e setups brasileiros.

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