Quando Elden Ring chegou em 2022, redefiniu o que esperávamos de um soulslike, com seu mundo aberto vasto e opressivo, criado pela mente genial de Hidetaka Miyazaki e com toques narrativos de George R.R. Martin. Agora, em 2025, Elden Ring Nightreign surge como um spin-off que tenta reinventar a fórmula da FromSoftware, misturando elementos de roguelite e battle royale em uma experiência multiplayer frenética. Mas será que essa ousadia entrega a mesma magia que consagrou seu predecessor? Vamos mergulhar em Nightreign e descobrir o que esse novo capítulo nas Terras Intermédias tem a oferecer.
Um Novo Ritmo nas Terras Intermédias
Elden Ring Nightreign não é Elden Ring 2, e isso precisa ficar claro desde o início. Ambientado em Limveld, uma versão alternativa da região inicial de Limgrave, o jogo troca a exploração contemplativa por partidas rápidas de 35 a 45 minutos, divididas em três dias in-game. Você escolhe um dos oito Nightfarers, cada um com habilidades únicas, e embarca em expedições cooperativas para três jogadores (ou solo, se você for corajoso). A missão? Sobreviver a inimigos, coletar runas, melhorar seu personagem e enfrentar os temidos Nightlords no terceiro dia.
A FromSoftware pegou o combate visceral e preciso de Elden Ring e o condensou em um formato arcade, com um ritmo que exige decisões rápidas e coordenação em equipe. A ideia é empolgante: imagine a tensão de um soulslike misturada com a urgência de um battle royale, onde um círculo mortal vai fechando o mapa. Mas essa abordagem acelerada pode alienar quem amava a liberdade de explorar as Terras Intermédias no próprio ritmo.
Combate Familiar, Mas Renovado
O cerne de Nightreign continua sendo o combate, e nisso a FromSoftware não decepciona. A mecânica de luta é tão afiada quanto em Elden Ring, com esquivas, bloqueios e ataques que exigem timing perfeito. Cada Nightfarer, como o arqueiro Ironeye ou o mago Recluse, traz habilidades únicas que incentivam sinergias em grupo. Por exemplo, o ultimate do cavaleiro Wylder pode atordoar chefes, abrindo espaço para ataques devastadores de seus aliados.
No entanto, a simplificação do sistema de builds é um ponto controverso. Diferente de Elden Ring, onde você passava horas ajustando atributos e testando combinações, aqui o nivelamento é automático, com pontos distribuídos com base na classe escolhida. Isso agiliza a jogatina, mas tira parte da profundidade estratégica que os fãs adoram. Além disso, a ausência de novas armas ou magias – com exceção de algumas poucas adições – faz o jogo parecer um “asset flip” de Elden Ring.
Um Mapa Repetitivo, Mas Cheio de Segredos
Limveld é um mapa menor, mas denso, com igrejas, ruínas e minas que mudam de posição a cada partida. A ideia de um mapa semi-randomizado é interessante, mas a repetição de assets e inimigos de Elden Ring pode cansar após algumas horas. Você sabe exatamente onde encontrar certos itens ou quais inimigos esperar, o que reduz o fator surpresa. Ainda assim, eventos aleatórios, como áreas de neve ou pântano, adicionam alguma variedade.
Explorar Limveld é gratificante, mas o ritmo acelerado não deixa muito espaço para contemplação. Se em Elden Ring você parava para admirar um castelo ao longe, aqui você corre contra o tempo para coletar runas e upgrades antes que o círculo se feche. É um contraste que funciona para quem gosta de ação intensa, mas decepciona quem busca a imersão melancólica dos jogos anteriores da FromSoftware.
Os Nightlords: Chefes de Tirar o Fôlego
Os grandes destaques de Nightreign são os oito Nightlords, chefes exclusivos que encerram cada expedição. Essas batalhas são puro espetáculo, com designs inspirados em MMOs, exigindo coordenação precisa para interromper ataques devastadores ou dividir papéis entre os jogadores. Sete dos oito Nightlords são brilhantemente executados, com arenas cinematográficas e trilhas sonoras épicas que elevam a adrenalina.
Por outro lado, um dos Nightlords decepciona por ser simplista demais, com a melhor estratégia sendo atacar à distância com flechas – algo que parece fora de curva para um jogo que valoriza o combate corpo a corpo. Além disso, os chefes menores, reutilizados de Elden Ring e Dark Souls, trazem nostalgia, mas também reforçam a sensação de reciclagem. Enfrentar o Nameless King de Dark Souls 3 é incrível, mas não tão impactante quanto algo novo.
Cooperativo Brilhante, Solo Frustrante
Nightreign foi feito para ser jogado em trio, e é aqui que ele brilha. A sinergia entre as classes e a necessidade de comunicação criam momentos de pura camaradagem, como quando você e seus amigos sincronizam ataques para derrubar um Nightlord no último segundo. Jogar com amigos em um servidor de voz, como Discord, eleva a experiência a outro nível, transformando derrotas em risadas e vitórias em celebrações.
Porém, o modo solo é um grande ponto fraco. A dificuldade não foi balanceada para um jogador, tornando a experiência punitiva até para veteranos de soulslikes. A ausência de crossplay e ferramentas de comunicação embutidas, como voice chat ou pings, também prejudica quem joga com desconhecidos. Sem amigos, prepare-se para partidas frustrantes com companheiros aleatórios que não se comunicam.
Uma Narrativa que Deixa a Desejar
A história de Nightreign é contada por meio de Remembrances e diários na Roundtable Hold, revelando fragmentos do passado de cada Nightfarer. Embora a ideia seja interessante, a execução é superficial. Diferente da narrativa enigmática e ambiental de Elden Ring, aqui não há tempo para absorver o lore enquanto você corre contra o relógio. As missões de personagem são curtas e desconexas, falhando em criar apego emocional.
Para fãs que amam decifrar os mistérios das Terras Intermédias, Nightreign pode parecer vazio. A ausência de momentos contemplativos, onde você para para ler descrições de itens ou observar o cenário, tira parte da magia que define os jogos da FromSoftware. É um preço pago pela velocidade, mas um preço alto demais para alguns.
Aspectos Técnicos e Visuals
Visualmente, Nightreign é competente, mas não impressiona como Elden Ring. As paisagens de Limveld são bonitas, com céus roxos e espectros gigantes marchando ao fundo, mas a reciclagem de assets é evidente. A trilha sonora, por outro lado, é um acerto, especialmente nas batalhas contra os Nightlords, onde as composições épicas elevam a tensão.
Tecnicamente, o jogo sofre com problemas típicos da FromSoftware, como quedas de FPS e travamentos ocasionais. A falta de crossplay é uma falha grave em um jogo focado em multiplayer, limitando a base de jogadores. Além disso, a ausência de opções robustas de personalização para as partidas reforça a sensação de repetitividade.
Um Experimento com Potencial
Elden Ring Nightreign é uma aposta ousada da FromSoftware, e, em muitos aspectos, ela dá certo. O combate é viciante, as batalhas contra os Nightlords são memoráveis, e a experiência cooperativa é uma das melhores no gênero. Porém, a repetição de mapas, a falta de novidades em termos de itens e inimigos, e o modo solo mal balanceado são falhas que pesam contra o jogo.
Para quem tem amigos para jogar e gosta de ação frenética, Nightreign é uma adição divertida ao universo de Elden Ring. Mas para os fãs que esperavam a profundidade e a imersão do original, o jogo pode parecer um experimento interessante, mas incompleto. Com atualizações e mais conteúdo, como o DLC prometido para o fim de 2025, ele tem potencial para crescer. Por enquanto, é um título que diverte, mas não encanta como seu predecessor.
Vale a pena?
Um jogo que brilha no cooperativo, mas tropeça na repetitividade e na falta de profundidade narrativa. Recomendado para fãs de Elden Ring com amigos para compartilhar a jornada, mas não espere a mesma magia do original.




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